O que você precisa saber sobre o cigarro eletrônico

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Hoje, dia 31 de maio, é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco. Criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data serve de alerta sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.

Em 2023, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou a campanha Grow Food Not Tobacco, sobre como a plantação de tabaco prejudica outros tipos de plantação de alimentos. Mas não é apenas a comida que está sendo impactada pelo tabaco, atualmente uma parte da população faz o uso diário do cigarro eletrônico.

Ainda há muito mistério em volta desses novos dispositivos, por isso perguntamos ao Dr. Aristóteles Alencar algumas das dúvidas mais frequentes sobre o vape:

Como surgiu o cigarro eletrônico?

O cigarro eletrônico surgiu como uma alternativa da indústria do tabaco para continuar a vender seu principal produto, a nicotina. As evidências científicas existentes são muito contundentes em relação aos malefícios do tabaco e seus derivados sobre a saúde humana. O cigarro continua matando milhares de pessoas diariamente.

A ideia inicial para o lançamento desse produto, é que ele traria menos perigos aos fumantes, que aos poucos iriam abandonar os cigarros convencionais e migrar para o cigarro eletrônico. Essa tentativa mostrou-se totalmente equivocada.

Por que foi uma tentativa equivocada?

Logo ficou comprovado que as pessoas passaram a apresentar mais problemas de saúde em menor espaço de tempo. O cigarro eletrônico, por diversos fatores, prejudica a saúde de forma mais agressiva, dependendo da intensidade de seu uso. E o pior é que também causa dependência química.

Existem relatos de pacientes que fumavam cigarros moderadamente e mudaram para o cigarro eletrônico, na tentativa de parar, e aconteceu o inverso passando a utilizar esse dispositivo com mais frequência. Pacientes que fumavam 5 cigarros por dia, mudaram para o cigarro eletrônico e passaram a fumar o equivalente a 20 cigarros por dia.

Quais são os danos causados pelo cigarro eletrônico?

O principal são os problemas pulmonares sérios e casos de ataque cardíaco. Como o usuário do dispositivo eletrônico, ao tragar, não queima o tabaco, como ocorre no cigarro comum, ele traga com mais força e isso faz com que maior quantidade de nicotina entre nos pulmões e seja absorvida pela circulação.

Qual o papel da Sociedade Brasileira de Cardiologia na orientação sobre o uso desses dispositivos?

Todas as sociedades médicas devem alertar a população sobre o perigo dessa forma de ingestão de nicotina. A SBC sempre esteve à frente em relação a esse sério problema de saúde pública. E esse alerta deve ser constante, pois a indústria do tabaco não dorme, sempre está buscando novos clientes, principalmente entre os jovens. A indústria tenta de todas as formas tornar esse tipo de comportamento aceito pela sociedade. Mesmo com a propaganda proibida, eles burlam e conseguem comercializar.

Por que o foco nos usuários mais jovens?

A maioria dos adultos fumantes já estão doentes ou já faleceu como vítima do tabaco. O alvo preferido do cigarro eletrônico são os adolescentes, que ainda não tem maturidade para entender o resultado dessas escolhas a longo prazo.

Daí a importância do controle familiar, do controle nas escolas, assim como a observação da legislação. O adolescente pode levar o cigarro eletrônico para escola e fumar no banheiro que não irá deixar cheiro, ou seja, não deixa rastro que ele fumou.

O papel da Sociedade Brasileira de Cardiologia é muito importante nos esclarecimentos para essa faixa etária, que ainda vê a morte como algo distante.

Por que muitos médicos estão orientando que seus pacientes voltem ao cigarro convencional?

Agem assim por total falta de informação. Nenhuma das duas formas de administração de nicotina são seguras. Existem fortes evidências científicas que se o profissional de saúde, não só o médico, dedicasse pelo menos 5 minutos da consulta para esclarecer os danos que o tabaco e seus derivados causam, os pacientes iriam abandonar esse terrível hábito.